15 lugares para visitar e conhecer a história de Curitiba
Curitiba é uma cidade encantadora, cheia de história! Mesmo sendo a capital do estado, tem um aspecto de cidade do interior que a valoriza ainda mais. Aqui há roteiros turísticos para todos os gostos, espaços bem cuidados e belas paisagens!
Descubra no post de hoje 15 lugares – apresentados pelo repórter Daniel Zanella para o jornal Gazeta do Povo – que você precisa visitar para conhecer um pouco mais sobre a história dessa cidade linda de se ver, e viver! Confira:
1. Mercado Municipal
(Av. 7 de Setembro, 1865 – Centro)
O Mercado Municipal de Curitiba não nega uma tradição do gênero: a efervescência dos princípios de manhãs. De alcachofras a R$ 6 a unidade até laranjas kin-kan (aquelas laranjinhas japonesas, douradas), senhoras dividem espaço com crianças, colegas de trabalho tomam café antes de começar o expediente, uma mãe pergunta à filha: “Iremos pra Lapa nesse fim de semana?”. Num dos boxes, Cláudio Moraes, desde 1999 na vida de domingo a domingo de Mercado, devaneia sobre estratégias para melhorar a acessibilidade na região. “Tinham de fazer uns estacionamentos mais amplos”. Natural de Rio Branco do Sul, região metropolitana, confessa um certo cansaço. “Mas a gente conhece muita gente interessante nessa vida de comerciante”.
2. Bar Stuart
(Praça Gen. Osório, 427 – Centro)
São nove da manhã e o bar mais antigo da cidade já está aberto. O Stuart, fundado em 1904, tem uma caprichada carta de aguardentes, o que muito interessa ao auxiliar de produção Antônio Flores. Em uma das mesas, cinco senhores discutem a nova etapa da Operação Lava Jato. Uma senhorinha com uma sacola cheia de outras sacolas pede dinheiro para remédios. Um dos senhores pega em sua mão e pergunta firme: “É para remédio mesmo?”. Diante da afirmativa convincente, ele retira R$ 50 da carteira. O garçom fica um pouco agitado e diz baixinho ao rapaz do caixa: “Essa senhora mete essa todo dia…”. O bar sempre reúne jornalistas e escritores. Alguém diz: “A solidão veio antes da luz”.
3. Rua das Flores
(Calçadão da Rua XV de Novembro)
9h45. Andando pela Rua das Flores, chega-se ao Passeio Público do Paraná em menos de 20 minutos. Mas não há motivos para pressa. No calçadão, os canteiros de amor-perfeito e cravinas servem de paisagem para os fotógrafos amadores. Nos bancos, jovens mexem no celular e namoram ao mesmo tempo. Um ébrio lê as notícias do jornal em voz alta, o violeiro arruma a banqueta para começar a tocar e inúmeros artesãos vendem seus trabalhos, como Marcelo Flores e sua esposa Carla Regina do Espírito Santo, grávida de cinco meses. Moradores de União da Vitória, estão na capital para comprar materiais para seus colares e pulseiras. “Gostamos de Curitiba, só não muito do frio. É a última vinda pra cá antes do nascimento da nossa filha. Ela irá se chamar Lua”, diz Marcelo. “Daqui uma semana voltaremos para casa”, emenda Carla.
4. Passeio Público
(R. Pres. Faria, 553 – Centro)
Quem sabe um dia Lua conhecerá o Passeio Público e o seu zoológico. As crianças gostam muito, pois há espaço para correr – e a neblina da manhã já se dissipou. Jéssica Américo está um pouco impaciente com a filha Maria Helena, de cinco anos, que busca quebrar o recorde de correria ao redor do parquinho. Idosos que andam na velocidade ancestral do mundo dividem espaço com os irregulares atletas urbanos. Jovens se dirigem ruidosamente ao Colégio Estadual do Paraná. Ou fogem da aula. Uma criança chama a atenção do pai, entusiasmada: “Olha, pai! Olha pai! Um urubu!”
5. Prédio Histórico da UFPR
(Praça Santos Andrade – Centro)
Na Praça Santos Andrade, cinco minutos abaixo, está o Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná, concebido pelo engenheiro Baeta de Faria, também responsável pela arquitetura do Castelo do Batel. Com certa naturalidade é possível deparar-se com alguma manifestação, geralmente afinadas nas escadarias do gigante branco de aspirações neoclássicas e elementos da belle époque. Andar sozinho por suas colunas gera um sentimento inequívoco de autodesimportância, por isso recomenda-se um passeio a dois.
6. Teatro Guaíra
(Rua XV de Novembro, 971 – Centro)
Logo em frente, há o Teatro Guaíra, aberto para visitação de segunda a sexta feira, das 10 horas às 17 horas. A turnê dura em torno de uma hora e meia. O prédio de contornos modernistas – projeto do engenheiro Rubens Meister, epílogo do auge da economia da erva-mate –, impressiona os músicos, que não raras vezes ficam um pouco preocupados com os borderôs. O espaço é muito grande e, quando os balcões superiores não são ocupados, passa-se a impressão de fracasso. Cheio, o Guaíra parece o cruzamento de uma nave espacial com um teatro inglês renascentista.
7. Livraria do Chain
(R. Gen. Carneiro, 441 – Alto da Glória)
Mais duas quadras, está a Livraria do Chain, que em breve completará 50 anos. Dificilmente um estudante da UFPR passa o curso sem comprar algo por ali. É também conhecida como a livraria frequentada por Dalton Trevisan – Aramis, o proprietário, é um dos amigos mais consolidados e discretos do Vampiro de Curitiba. Espalhadas, pela loja e sobreloja, estão diversas matérias da Gazeta do Povo, Folha de S.Paulo e Folha de Londrina. Elas auxiliam a entender um pouco os posicionamentos políticos de Chain – há, inclusive, um espaço classificado como canto dos corruptos. Seu livro de cabeceira, O Homem Medíocre, do escritor argentino José Ingenieros, é de sua editora, responsável pela publicação de mais de 50 títulos. “Leia a fábula do sapo e do vagalume. Ela explica o Brasil”, enfatiza.
8. Casa Romário Martins
(R. Cel. Enéas, 30 – São Francisco)
Subindo uns quinze minutos, no Setor Histórico do Largo da Ordem, um pouco depois das duas da tarde, turistas norte-americanos visitam a Casa Romário Martins, último baluarte da tradição dos velhos casarões coloniais lusitanos. Com seu chão de madeira envernizada e pinturas do artista plástico Di Magalhães, a sensação é de que estamos numa Curitiba fora do tempo: foge-nos a urgência. Enquanto o catador de latinha grita no calçadão de quase meio-dia, “eu tô cheio de Espírito Santo”, Joel de Araújo, que trabalha no local há cinco anos, vaticina, apontando às paredes: “Trabalha bem esse Di Magalhães, não?”.
9. Museu Oscar Niemeyer
(R. Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico)
De tarde, o Museu Oscar Niemeyer (MON) é muito frequentado por estudantes, artistas e senhores que passeiam com seus cachorros de raça. Tobby é um labrador branco, desses que gostam de correr, fazer amizades e pular nas novas amizades. “Ele adora esse lugar”, confirma o aposentado Helder Antunes. Aos domingos, o MON se assemelha a uma vila interiorana, com crianças correndo pra todo lado, jovens embaixo de árvores e famílias comendo e sesteando como se houvesse eternidade.
10. Ruínas de São Francisco
(R. Alm. Barroso – São Francisco)
Um pouco mais longe, no Centro Histórico, as ruínas de São Francisco confundem pela lembrança de tempos remotos – há lendas de piratas e túneis secretos – e o cenário atual de desamparo, com o Mirante Belvedère em estado lamentável, embriagados rachando a moleira nas escadarias e manobristas desconfiados, como seu José. “O que esse lugar tem de legal, tem de abandonado”. Às vezes ele passeia na galeria de arte. “Acho bonito”, completa, saindo pela tangente. O Belvedère sediou a PRB-2, a primeira rádio do estado, em 1931.
11. Igreja da Ordem
(Largo da Ordem – São Francisco)
Abaixo, entre pombos e os primeiros boêmios do fim de tarde, a Igreja da Ordem permanece impávida, resistente à degradação das décadas. É a mais antiga construção em pé da cidade. O santuário passou por duas restaurações nos últimos 378 anos, uma em 1880, outra em 1978. Às 18 horas, o monsenhor, padre e jornalista Luiz de Gonzaga Gonçalves, de 91 anos, inicia a retirada do Santíssimo e começa a preparar a missa. Bancos rangem, sinos tocam, um violonista entoa cânticos, dois homens rezam num canto, um deles chora. Alcides Andrade, de 74 anos, professor aposentado (dava aulas de História e Geografia), reconhece não ser fácil lidar com o pessoal um pouco mais exaltado de substâncias, que procuram a Igreja em busca de algum conforto. “Mas Deus é generoso, acalma-os”. O ponta-grossense alega ter encontrado o caminho. “Passo o dia inteiro vendo as pessoas rezarem. É gratificante”.
12. Biblioteca Pública do Paraná
(R. Cândido Lopes 133)
Às 19 horas, a Biblioteca Pública do Paraná ainda está aberta. Os periódicos literários estão todos ali, no balcão de atendimento, e o escritor Rômulo Candal procura um exemplar de um dos impressos em que publicou um conto no último mês. Na entrada, uma jovem folheia um livro de Clarice Lispector. No segundo andar, cinco homens conferem os jornais do dia. Os seguranças verificam seus relógios. Nas escadarias, as paredes repletas de Helena Kolody dizem: “Ouvir/ Como quem abraça e beija/ a alma solitária/ dos que ninguém escuta.”.
13. Lanches Itália
(R. Cândido Lopes, 229 – Centro)
Antes de ir ao Parque Barigui, descendo pela Rua Cândido Lopes está a Lanches Itália, um dos mais tradicionais mata-fomes da cidade. Serve a mesma receita de pizza desde sua fundação, em 1969, e uma peculiar vitamina. “Pode ficar tranquilo que nessa época do ano diminuímos o gelo”, assevera Walda Ouriques, uma das mais antigas funcionárias do estabelecimento. Morou em Florianópolis até 1989. “Aí resolvi visitar Curitiba com o meu marido. Gostei da cidade e nunca mais saí”.
14. Lucca Cafés Especiais
(Alameda Presidente Taunay, 40 – Batel)
Se a vontade for de um café, o Lucca Cafés Especiais, na Rua Presidente Taunay, é um contexto. Praticamente todas as cafeterias que trabalham com café mais elaborado, desses que são comprados em fazendas – pense nos châteaux de vinhos e transporte isso para a cultura do espresso –, pagam tributo aos fundadores. O barista Daniel Reinhardt, de 21 anos, caiu no segmento meio que por acaso. “Tava cansado de trabalhar numa gráfica com o meu pai. Então pensei em abrir uma cafeteria. Comecei a estudar o tema e dei a sorte de começar a trabalhar aqui”, confessa.
15. Parque Barigui
(Av. Cândido Hartmann – Santo Inácio)
Depois de um dia inteiro através do tempo, ainda há o Parque Barigui. Depois das 21 horas, ele parece ainda mais imponente. A imensidão de árvores, entre a escuridão feérica e a iluminação pública embaçada de umidade, assume contornos fantasmagóricos, lembrando algum cenário de Labirinto do Fauno. O farmacêutico araucariense Rafael Gayer, de 32 anos, frequentador assíduo dos circuitos do parque, às vezes pega seu carro e se envolve em corridas noturnas. “Quando o céu está estrelado, é sensacional. Venho sozinho, coloco o fone de ouvindo e fico ouvindo música. Na última vez fazia lua cheia. Nunca mais esqueci”.
A Baggio Imóveis deseja um ótimo final de semana pra você!