No dia 24 de agosto de 1967, a Câmara Municipal de Curitiba estabeleceu por lei os feriados religiosos da cidade. Entre eles, destaque para o dia 8 de setembro que, desde então, homenageia a padroeira da cidade, Nossa Senhora da Luz. A crença na santa é tão grande entre os curitibanos que a cidade não comemora a data de aniversário de sua fundação e sim, escolheu o 8 de setembro para homenagear a sua padroeira.
Isso porque no dia 8 de setembro de 1993 a igreja Nossa Senhora da Luz completou 100 anos e passou a ser a Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz de Curitiba, localizada na praça Tiradentes, o berço da capital paranaense. Mas afinal, quem foi Nossa Senhora da Luz e por que os curitibanos são tão devotos a ela?
A história vem de muito tempo atrás. Mais precisamente da metade do século 15 e teve início em Portugal. Diz a lenda que o português Pedro Martins era um humilde morador da vila de Carnide que dedicava a sua vida à agricultura até casar-se com uma moça de “posses”, Inês Anes. Em uma certa ocasião, quando dirigia-se para cuidar de uma de suas propriedades, foi aprisionado por mouros e levado para África.
Em função da distância e dificuldade de comunicação da época, não houve meios de resgatar Pedro, que durante anos trabalhou como um escravo para quem o sequestrou. Em 1463, já sem qualquer esperança de ser resgatado, Pedro recorreu então à sua enorme fé católica e pediu à Virgem Maria que intercedesse por ele. Qual não foi a sua surpresa ao avistar a santa em sonho. E não foi em uma única ocasião.
Maria apareceu nos sonhos de Pedro durante 30 noites consecutivas e disse-lhe que, ao acordar na manhã após a trigésima noite ele estaria em Carnide, sua cidade natal. Ao mesmo tempo em que lhe deu a boa nova, Maria pediu a Pedro que, ao chegar em Carnide, buscasse uma imagem dela mesma que estaria escondida perto de uma fonte. Intrigado em como faria para chegar a tal local, Maria foi logo lhe avisando que ele seria guiado por uma “luz”. Nesse local, então, Pedro deveria construir uma capela.
E foi exatamente isso o que aconteceu. Conta a história, inclusive, que Pedro não teve dificuldade alguma em encontrar o local, pois uma luz misteriosa chamava a atenção de moradores e viajantes fazia algum tempo. Dessa maneira nasceu a devoção à Nossa Senhora da Luz.
A origem do nome
Curitiba é uma palavra que originou-se do guarani. Na linguagem indígena – kur yt yba – que significa grande quantidade de pinheiros. Até hoje, a região de Curitiba possui uma enorme quantidade de Araucária Angustifolia, o Pinheiro-do-Paraná. A árvore possui o formato de uma taça e seu fruto, o pinhão, é muito apreciado pelos paranaenses.
Por volta de 1650 já existia uma capela, perto do rio Atuba, no Paraná, que homenageava Nossa Senhora da Luz. Diz a lenda que durante um determinado período os moradores do local presenciaram um estranho fenômeno. Todos os dias, pelas manhãs, a imagem da santa voltava seus olhos para uma região com muitos pinheiros, dominada pelos índios caigangues.
Se a santa realmente olhava para a terra dos índios ou se tinha a mão de um português por trás dela, não se sabe. O fato é que os habitantes então, tomaram esse “olhar” da santa como um aviso e armaram-se dos pés à cabeça para tomar a região. Para surpresa dos moradores, não houve combate algum e o cacique do local cedeu amigavelmente o terreno aos desbravadores.
E como símbolo de sua redenção, o cacique fincou uma lança no local que, muitos anos depois, viria a ser a praça central de Curitiba – praça Tiradentes – onde foi erguida a igreja em homenagem à Nossa Senhora da Luz. Dessa maneira surgia a cidade.
No dia 29 de março de 1693, o capitão Matheus Leme fundou a Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Já o nome “Curitiba” só foi adotado em 1721 a pedido do ouvidor Raphael Pardinho, o primeiro a se preocupar com o meio ambiente da cidade.
Fonte: HSW